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Como dividir as tarefas do cuidado do idoso entre familiares

29 de Setembro de 2016
TENA

É muito comum que a pessoa que assume o cuidado de um familiar idoso fragilizado sinta-se bastante sobrecarregada com o passar do tempo. São muitas as obrigações, horários de medicamentos, acompanhamento à exames e a consultas – sem contar os demais esforços, caso o idoso não tenha mais capacidade para manter sozinho os cuidados com sua própria higiene e executar tarefas simples do dia a dia.“É muito pesado, ninguém aguenta cuidar sozinho de um idoso por muito tempo”, afirma a psicóloga Maria Elizabeth Bueno Vasconcellos, especialista em Gerontologia e uma das líderes do Apoio – Curso de capacitação e orientação para uma vida mais saudável, voltado para cuidadores de idosos e familiares.

Embora essa dificuldade seja bastante conhecida por profissionais – e por quem já passou por uma situação de precisar cuidar de alguém – dividir a responsabilidade por cuidar de um idoso com outros parentes, costuma ser um assunto complicado, quase tabu, no núcleo familiar.“

É uma questão complexa que envolve vários aspectos. Normalmente o cuidador familiar não está nesse papel por escolha, mas com o tempo pode gostar de ter o poder sobre o idoso, ou começa a achar que outra pessoa não seria capaz de cuidar bem do seu pai ou mãe, por exemplo, e não pede ajuda”, explica a psicóloga Isabella Quadros, sócia-diretora da Angatu IDH, consultoria com atuação na área de envelhecimento. Comunicação é essencial nesse caso. Como diz Isabella: “Ninguém tem bola de cristal para saber que o cuidador está sobrecarregado e precisa de auxílio”.

Além da disponibilidade de tempo, é essencial que o cuidador ou cuidadores tenham uma boa relação afetiva com o idoso. “A escala familiar tem que levar em conta também a empatia entre o idoso e o possível cuidador, porque cuidar é doação de tempo e afeto. Não tem como fazer disso uma obrigação que não envolva amor ao parente”, diz Isabella.

Por esse motivo, as psicólogas dizem que o familiar não deve se sentir mal caso a melhor solução seja deixar o idoso em uma instituição. Institucionalização não significa, necessariamente, abandono. “Pode ser melhor para todo mundo, inclusive para ele, ficar aos cuidados de profissionais durante a semana e passar o final de semana e feriados de maneira muito feliz com um dos filhos ou outro parente”.Isso porque, para cuidar, a pessoa precisa estar bem física e psicologicamente. “O cuidador precisa estar inteiro para cuidar bem”, explica Maria Elizabeth. “Por isso, não tenha vergonha e não se sinta culpado por precisar às vezes sair, ir ao cinema, ao cabeleireiro. Peça ajuda para alguém que tenha uma boa relação com o idoso e cuide-se”.

Diante dessa dificuldade de pedir ajuda, as psicólogas Isabella Quadros e Maria Elizabeth Bueno Vasconcellos dão algumas dicas para o cuidador:• Não confie no bom-senso de outros familiares para “descobrirem” que você precisa de ajuda. Peça.• Aceite opinião de seus parentes. Nem sempre sugestões são críticas e, ao contrário, esta pode ser a forma como seus familiares estão tentando se aproximar para oferecer ajuda. • Faça uma lista de suas atividades como cuidador e comece o dia pelas mais difíceis ou que demandam maior esforço. Deixe as simples para quando estiver mais cansado. • Não sinta culpa por estar cansado. Você precisa se cuidar para poder cuidar do outro. • Não é verdade que a filha ou parente do sexo feminino é obrigada a cuidar do familiar idoso.

Esse é apenas um hábito cultural. É preciso levar em conta disponibilidade e relação afetiva com quem precisa dos cuidados. Nem sempre a pessoa mais disponível para a função é a que tem melhor relação com idoso. • Não ultrapasse seus limites de estresse e fadiga.

Arrume uma alternativa para descansar – nem se for para pedir a um amigo ou vizinho que fique por apenas algumas horas com o idoso para você fazer algo para sair da rotina e levantar sua autoestima. • Se os outros familiares não têm tempo para cuidar pessoalmente do idoso, eles podem contribuir financeiramente, contratando um cuidador para os finais de semana ou noites, caso não seja possível pagar por um profissional em tempo integral. • Torne a sua vida e a do idoso mais leve: programe atividades para fazer com ele, nem que seja dentro de casa. Algumas ideias: assistir a um filme, rever fotos da família, ouvir música, realizar atividades de pintura ou outras que estejam dentro das possibilidades funcionais do idoso.